"RANCHO SANTO ONOFRE, PROTETOR DOS BÊBADOS"
Em 1963, organizamos uma pescaria no Rio Turvo, num rancho do meu tio Iveh Bueno de Camargo lá de Pirangi. Logo na entrada se lia talhado numa lasca de madeira, “Rancho Santo Onofre – Protetor dos Bêbados”. Ao redor do rancho viam-se vários pés de frutas e uma horta exuberante e o que mais impressionava os visitantes era a grande quantidade de “boldo do Chile” ali plantado. Dava a impressão que só tinha alcoólatra naquele recanto maravilhoso.
No trajeto de Pirangi para o rancho o Odair, um amigo caipirão de São Paulo, caiu num buraco e entortou a frente do “Fusca”. O porta-malas amassou bastante e não abria de jeito nenhum, e por isso não podíamos apanhar a tralha de pesca que estava lá dentro. Enquanto eu procurava socorro o Odair amarrou a ponta de uma corda no carro e outra no pé-direito do rancho. Quando vi, gritei... Não faça isso! Você vai derrubar a casa sem desentortar o porta-malas. Acho que percebeu a burrice e parou. Na seqüência fizemos o correto... Amarramos a ponta de uma corda no “Fusca” e outra numa árvore. Forçando o carro de marcha a ré, conseguimos desentortar um pouco. Iniciamos a pescaria e o Odair começou a reclamar que tinha muito pernilongo. A Matilde, sua noiva na época, estava junto. De repente o Odair desmaiou. Tinha alergia ao veneno dos pernilongos. A Matilde gritou....chamem um médico! Gritei! Que médico, que nada, menina. Estamos longe da cidade. Temos que socorrê-lo aqui mesmo e agora. Sentamos o jovem, abaixamos sua cabeça e fizemos cheirar álcool e alho, único remédio disponível no momento, e o bicho melhorou. Aí sim, fomos embora para a cidade e lá se comprou o remédio adequado. “Fenergan”, se não me falha a memória.
O Odair não estava bêbado, mas foi protegido pelo Santo.
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