terça-feira, 14 de maio de 2013

quarta-feira, 10 de abril de 2013

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NOSSA LINDA CASINHA NA ROÇA

NOSSA LINDA CASINHA NA ROÇA


Hoje fiz uma viagem gigantesca que teve inicio no mais recôndito e obscuro caminho da minha mente.

Percorri os caminhos insondáveis da minha alma, prosseguindo pelas grandes rotas do meu espírito. Finalizei meus pensamentos no templo do coração, aonde veio à minha mente escrever sobre lindas aventuras de um passado gostoso e adorável e que só agora posso avaliar o quão grande e admirável era a vida na roça, lá onde estive mergulhado por maravilhosos anos da minha vida.

E, relembrando aquele lugar “onde criança vivi...” lá na “Fazenda Canteiro” distante, aproximadamente, sete quilômetros da cidade que era um doce recanto por Deus iluminado nos tempos da lamparina e do lampião de gás, escrevi estas palavras.

A casa era de “pau a pique”, bem simples e aconchegante, um lugar de paisagem e vida bucólica. Construída em solo sagrado num sitio da hospitaleira Pirangi onde o por do sol era suave e misterioso. Um lugar querido, um lindo sertão!

Na sala uma mesa marrom escura de madeira com quatro cadeiras e alguns banquinhos, uma cristaleira bem trabalhada por um bom marceneiro e toda cheia de copos e jarras de vidro, xícaras e pires antigos que deveriam ser da minha avó ou de algum parente antigo. Muitos bibelôs que poderiam ser vistos através dos vidros, maravilhosamente trabalhados das duas portas do móvel que enfeitava a sala. Tinha, também, uma chapeleira antiga onde meu pai deixava seu chapéu.

Um rádio muito velho, mas que funcionava, ficava sobre o lindo armário envidraçado. Meu pai escutava todos os dias a “Voz do Brasil”, “Repórter Esso” e ouvia um programa caipira chamado “Os Três Batutas do Sertão”, com Torres, Florêncio e Nininho. Ele adorava, pois era tocador de sanfona e só tocava músicas sertanejas.

No quarto dos meus pais um guarda roupa envelhecido pelo tempo, uma cama de casal, duas camas de solteiro e uma penteadeira.

Meu quarto tinha uma cama de solteiro junto à parede. Do outro lado ficavam armazenados vários sacos de milho, arroz e feijão plantados e colhidos pelo meu pai e com minha pequena ajuda. Era para nosso consumo durante o ano. Servia, ainda, de mercadoria de troca por algumas coisas da cidade e que não produzíamos na roça.

Durante a época da colheita do algodão o quarto ficava abalroado com toda a sacaria de mantimentos mais as sacas deste produto. Existia, também, um belo buraco na parede que me deixava assustado quando algum animal se aproximava. Nossos colchões eram feitos com palha seca de milho o que produzia, ao deitarmos, uma barulheira que nos obrigava a não se mexer para poder dormir e os travesseiros eram feitos com algodão ou ou paina, já mais macios.

Lembro-me que gostava de dormir sobre as sacas do algodão por serem suaves e confortáveis.

Ao abrir a porta da sala entrávamos para a cozinha onde o chão era de terra batida. Deparávamos com o fogão de lenha todo vermelho com seus tampões de ferro e sobre ele panelas, bules, chaleiras, suporte para coador de café, moedor de café, canecos e na cabeceira um torrador de café.

Na parte superior do guarda-comida ficavam guardados os pratos de alumínio e de ferro ágata, tigelas, as travessas para saladas e misturas. Nas gavetas as colheres, garfos, facas, concha, escumadeira e outros artefatos. Na parte de baixo outros utensílios de cozinha eram colocados.

Num dos cantos ficava um suporte de madeira sobre o qual, um filtro de barro todo trabalhado para bebermos água fresca, enfeitava o ambiente com seu desenho suave e embelezador.

Uma prateleira com panelas de alumínio, frigideiras e canecas penduradas ficava ao lado do fogão. Nas vigas do teto ficavam amarrados arames lisos com ganchos nas extremidades onde minha mãe pendurava lingüiça e toucinho com coro de porco.

Uma lata de vinte litros, cheia de banha e carne de porco cozida ficava sobre um tronco de madeira, num dos cantos da cozinha para nossas misturas durante o mês.

Não tínhamos geladeira e a única maneira de conservar carne era mantê-la no meio da banha de porco depois de cozida.

Da porta da cozinha tínhamos uma visão maravilhosa, o poço de água potável com seu sarilho, sua corda e o balde para puxarmos água todos os dias para bebermos e também lavar roupas e aguarmos as plantas de um belo jardim que tínhamos em volta da casa. Via-se um forno de barro, onde minha mãe fazia pães durante a semana. Ficava uma delícia.

Um batedor feito de madeira grossa e encaixado num suporte para que minha mãe esfregasse e batesse as roupas. Varais para estender e secar as peças depois de lavadas atravessavam todo o quintal.

Um pequeno cômodo que servia para pendurarmos um chuveiro onde se tomava um delicioso banho gelado e outro que era a chamada “casinha”.

Uma cerca de arame farpado que rodeava toda a casa para evitar a entrada do gado e dos cavalos. Uma paisagem linda da pastagem e um belo riacho de águas cristalinas logo após um mangueirão de porcos.

Na subida da propriedade uma bela plantação de café, que, posteriormente se transformou em mamão. No final do sitio uma estrada por onde circulava a velha jardineira do Lourenço Pitelli todos os dias, um ou outro “pé de bode”, alguns tratores e uma vez por mês o furgão da “Confiança” lotado de doces e que ali parava para fazer barganhas de mercadorias.

O motorista nos dava doces de todos os tipos e que só tinha na cidade e em troca oferecíamos ovos, galinhas, mamão e outras frutas da época.

Na frente da casa tínhamos eucaliptos plantados e algumas árvores para fazer sombras. Dois bancos de madeira, um a esquerda e outro a direita da porta onde proseávamos logos após o jantar. Dormíamos cedo, nove horas estávamos todos na cama. Levantávamos às cinco da manhã para a labuta na roça.

Logo após a cerca, tínhamos uma plantação de mamona outra de feijão, arroz, milho e na sequência era só café até a divisa com meu avô Alberto Bianchi.

Os outros vizinhos mais próximos eram o  tio Benjamim  Castro que era o dono do sitio, Sr. Antonio Castro, Sr. Domingos Pestilho, Sardinha, Sr. Sebastião Garcia, Sr. Américo Santamaría, Sr. Brunhari.

Quanta saudade aquele recanto, aquela casinha de barro me trás. Tínhamos paz, fartura e muita saúde. Quanta alegria, lembrar do meu pai tocar no quintal de terra, sentado numa cadeira, sua Stradella de 120 baixos. Tocava Saudade de Matão, Beijinho Doce e Chalana que minha mãe adorava cantar e outras canções.



                                                             Stradella - 120 baixos
O nariz da minha mãe, meu e de minhas irmãs durante a noite ficavam pretos, antes de serem apagadas as lamparinas e provocavam risos no rosto do meu pai que, também, ficava com a cara e nariz pretos, pela fumaça escura.

Lembro-me com muita emoção daqueles tempos de muita simplicidade, tanto das pessoas como dos bens materiais e o mais importante é que éramos felizes, solidários e tínhamos compaixão acreditando nas coisas divinas.

Alberto Gabriel Bianchi – outono de 2013.

Membro da Academia Rio-Pretense Maçônica de Letras, Academia Maçônica Internacional de Letras de Lisboa e Academia Rio-pretense de Letras e Cultura.





quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Alberto Gabriel Bianchi - "PÁSSAROS DE PIRANGI"


PÁSSAROS DE PIRANGI..




Que saudade da minha infância e dos lindos pássaros de Pirangi... e, também, de todo o Brasil.

Acordar e anoitecer com o canto de diferentes espécies. Que maravilha! No mundo não há nada igual.

Quantas pessoas não gostariam de vivenciar aquele ato maravilhoso? De viver momentos como aqueles, na imensidão daquele pedaço de chão? O Universo inteiro gostaria de ter estado lá para compartilhar daqueles instantes mágicos.

Sagrada Pirangi que viveu a época alegre dos cafezais, arrozais, feijoais, algodoais e milharais onde as rolinhas, as pombas do ar, juritis e amargosas arrulhavam pelos campos. Tinham, ainda, os inhambus, as codornas e as perdizes. Como éramos felizes!

Na época dos grandes pomares de mamão, éramos visitados pelos sanhaços de dorso azul, com reflexos verdes, próximo do azul-turquesa, uma bela cor. Viviam solitários, em casais ou em bandos e adoravam um mamão. Minha casa ficava no meio de uma grande plantação dessa fruta. Naquela fase é que descobri a existência de mamão-fêmea e mamão-macho e quem era quem.

Nos tempos dos grandes laranjais e também dos pés de laranja plantados nos quintais, o sabiá laranjeira desfilava galhardamente por todos os cantos. Cantava antes do amanhecer e no crepúsculo vespertino e é considerada ave símbolo do Brasil. Tem o bico reto de cor amarelo oliva, com penugem de um tom uniforme marrom acinzentado no dorso, com a cor de ferrugem no seu ventre e com seu canto melodioso e aflautado durante o período reprodutivo. Na literatura, é citado como o pássaro que canta o amor e a primavera, as origens, a terra natal, a infância e as coisas boas da vida e na minh’alma é lembrado como a ave que canta minha cidade amada, minha eterna Pirangi, onde docemente vivi.

No perímetro urbano, as andorinhas com beleza, elegância e agilidade em seu vôo e com sua linda cor azul metálica e o peito branco ou castanho cinzento, chegavam todas as tardes em bandos gigantescos e principiavam um barulho ensurdecedor.

Enfeitavam os postes e fios elétricos da Companhia de Força e Luz, bem como as árvores sombrosas como as jaqueiras, mangueiras, abacateiros, e outras.

Na China um casal de andorinhas era símbolo de fidelidade.

Para os persas, era símbolo de solidão e da separação dolorosa.

Na Valônia, situada ao sul da Bélgica e considerada o berço da escrita literária francesa, segundo uma lenda popular, uma andorinha retirou com o bico, um a um, os espinhos que feriam a testa de Jesus Cristo.

Em Pirangi, simbolizava a alegria de viver e o doce cair nostálgico do sol nas tardes de primavera quando eu, silenciosamente balbuciava “O amor é a sublime poesia que sintetiza o eterno num momento”.

Na casa do Sr. Sebastião Bueno de Camargo, “casa dos camargo” ou “casa das camargo”, melhor ainda, “casa onde morei” e fui feliz, a quantidade de pássaros era incontável, inclusive os indescritíveis beija-flores. Lá estavam concentradas quase todas as espécies da região. Era uma casa com quintal repleto de árvores frutíferas e todos da família amavam a natureza.

Ao redor da cidade víamos bem-te-vi, pardal, anu-preto, anu-branco, pássaro preto, curiango, urutau, coleirinha, bigodinho, tesourinha, corruíra, bicudo, canário, urubu, urubu-rei, gavião, tuim, joão- de- barro, joão bobo, coruja, fogo-pagou ou fogo-pagô, pintassilgo, azulão, tico-tico, tiziu de cor preto azulado brilhante (conhecido como pássaro pretinho). O tiziu toda vez que cantava, dava um salto vertical e caia no mesmo lugar. Viam-se, também, alguns tucanos e pica-paus.

Existia uma grande quantidade da chamada pomba-comum ou pomba-doméstica com uma enorme variação no padrão de cores. Há imagens datadas de 4.500 a.C., que as representam.

Ao entardecer um bando de maritacas, que pareciam estar loucas, pousavam na copa das árvores das pequenas florestas da zona rural, fazendo uma barulheira que ecoava na mata inteira. No pouso da ramagem superior das árvores de grande porte da cidade era a mesma coisa.

Os periquitinhos verdes faziam sua revoada e pousavam nas árvores dos jardins da cidade para pernoitarem.

Ao raiar a luz do dia, Pirangi parecia uma “Torre de Babel”, cada bando cantava a sua canção e, juntos, formavam uma orquestra que agradava todo mundo.

Como eram lindas as manhãs e o entardecer da primavera, onde as plantas coloriam toda a natureza e os pássaros canoros com seus acordes divinos produziam melodias maravilhosas para, de forma suave, encantar nossos ouvidos.

Nossos olhares brilhavam e nossos lábios sorriam com a harmonia do recanto querido, quando os pássaros fendiam os ares, indo para lá e para cá, num frenesi delicioso e no tempo da florada das plantas dos jardins e dos campos da nossa bela cidade.

Para quem vivenciou as décadas de “50” e “60” é realmente emocionante poder ouvir falar ou ler a respeito da cidade de Pirangi. Conversar com amigos daqueles tempos, reconhecê-los e rememorar com saudades tudo aquilo. Lembrar de gente que já se foi, gente ainda viva e que jamais poderíamos imaginar ver novamente na vida e que lá estão para nos contar tudo a respeito dos cafezais, pomares de mamão, laranjais, dos pássaros, dos peixes, dos rios e principalmente das pessoas daqueles tempos imorredouros.

A cidade de Pirangi, terra amada por todos lá nascidos e por todos que lá viveram ou que por lá passaram. Sempre se destacou pela beleza, hospitalidade, suas riquezas e por ter um povo ordeiro e trabalhador. Tornou-se conhecida, mundo afora, pela ternura de seus filhos ilustres que gritaram seu nome com orgulho e muita bravura.

Alberto Gabriel Bianchi – janeiro de 2013

Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura, da Academia Rio-Pretense Maçônica de Letras e da Academia Maçônica Internacional de Letras de Lisboa.









Alberto Gabriel Bianchi - "DIÁRIO DE UM FRUSTRADO"

DIÁRIO DE UM FRUSTRADO

Reunião na casa do Jairo Alves de Mello, um grande amigo, pessoa muito séria, muito exigente. Um dia maravilhoso, uma confraternização saudável entre amigos, num lugar muito agradável. Estavam o Jairo, Ivonilda, Denise, José Carlos Del Campo, Mariângela, Eu, Olinda, Symara e Beto.

Conversas e histórias alegres.

Alguém se lembrou de um lugar divino, “Riviera do Aracanguá”, ou Recanto do Aracanguá, comentando os momentos deliciosos que lá já passamos.

Vamos marcar de novo, uma data, para que possamos nos reunir naquele lugar indescritível? Comentou alguém...

Todos disseram....vamos...a idéia é excelente!!!

Pegou-se um calendário, olhou-se a melhor data e pronto....Todos concordaram com o dia 12 de outubro de 2.001. Está marcado...

Comecei a fazer a contagem regressiva. A ansiedade tornou-se minha companheira.

Contava os dias e as horas.

Vinte dias antes do passeio, arrumei minha mala. Lá em casa chamam-na de “ônibus” em função do seu tamanho. Dentro coloquei lençol, travesseiro, toalhas, salva-vidas, botina, chinelo, material de pesca, etc. No dia da sonhada viagem seria só colocar sabonete, pasta, escova dental, etc.

No dia seguinte, um novo encontro com o Jairo, Ivonilda, Denise, Del Campo, Mariângela, Eu, Olinda e Symara. Como sempre um ambiente de pura alegria e grandes histórias.

De repente começamos a falar do tão esperado dia 12 de outubro. Del Campo disse que iríamos no dia onze. Fiquei feliz e me comprometi ir junto com ele e a Mariângela.

Jairo disse que não poderia ir mais na data marcada. Tinha um compromisso com a família da Ivonilda em Sorocaba. Havia esquecido daquele compromisso, o que é normal para ele. Ficamos chateados, porém, nada a fazer....

Pediu para que cancelássemos o passeio. Explicamos ser impossível, uma vez que estava tudo marcado e organizado. Não tinha outra data possível neste ano.

A fazenda é de um Lord britânico e muito concorrida, principalmente nos fins de semanas prolongados.

Começou, então, a rogar pragas. Estaria torcendo para chover muito, o que não nos perturbou. Ai apelou, dizendo que iríamos todos morrer nas estradas ou lá no recanto, uma vez que cairiam raios violentos carbonizando a todos.

O tempo foi passando e a razão se clareando e eu em todos acreditando. Seriam dias memoráveis. Cada vez mais e mais ia me preparando, me concentrando. Queria um passeio feliz, cheio de alegria e de grandes emoções e não de perturbações ou mau agouro por parte daquele que estava com ciúmes.

Na Segunda-feira, dia primeiro de outubro, Del Campo me consultou se seria possível a Mariângela ir na Sexta-feira, junto com meus familiares. Informei que se meu primo de Cajamar não viesse claro que sim.

Um sábado anterior ao dia radiante, onde nossos corações estariam palpitantes e nossas mentes reluzentes de felicidades, fomos a um almoço feito pelo Mestre Cuca, José Francisco Rodrigues Cançado. Um peixe delicioso, como sempre. É a especialidade do Grande Chico. Almoço de muita alegria. Estavam lá pessoas agradáveis e o convívio familiar foi em grande estilo.

Começamos a lembrar, o que seria inevitável, de como seriam nossos dias na “Riviera do Aracanguá”. Precisamos organizar o cardápio, disse o Del Campo. Vamos começar já, disse eu. Que tal um bacalhau na Sexta-feira. Mariângela disse: podemos fazer uma massa no almoço do sábado, uma canja à noite e no domingo, um frango com polenta. Del Campo emendou: e um churrasco na noite de sexta-feira. Tudo combinado. Vamos organizar o que conversamos e fazer as compras durante a semana. Precisamos escrever as quantidades dos ingredientes.

Naquela mesma noite comecei a escrever o que combinamos para facilitar as compras. Organizei o cardápio no papel, que ficou assim:
RIVIERA DO ARACANGUÁ – CARDÁPIO

Quinta-feira à noite: BIFE ACEBOLADO

Contra Filé (nove bifes no capricho), cebola, manteiga, azeite, arroz.
Sexta-feira almoço: BACALHAU

2 kg. de Bacalhau, azeite, azeitonas pretas, pimentão, batatas, cenoura, couve, tomate, cebola, alho, cheiro verde.
Sexta feira jantar: CHURRASCO

Picanha, fraldinha, linguiça, frango (sobre coxa e asa) sal grosso ou fino.

Sábado almoço: MASSAS (MACARRÃO, NHOQUE)

Molho vermelho, carne moída, tomate, tomato ou extrato de tomate, cebola, alho, cheiro verde.
Sábado jantar: CANJA

Arroz, frango, etc.
Domingo almoço: FRANGO COM POLENTA

Coxa, sobrecoxa, polentina, manteiga ou margarina, vinagre ou azeite, tempero completo, arroz, etc.
CAFÉ DA MANHÃ:

Leite, pão, queijo, manteiga, margarina, presunto, chouriço, café, abacaxi, maçã, mamão, melancia, manga, uva, pêra e banana.
Para todos os dias: ÁGUA
Tirei cópias do cardápio todo entusiasmado para mostrar ao Del Campo e Mariângela, na segunda-feira.

Para minha surpresa, segunda-feira na hora do almoço, Mariângela telefonou dizendo que estava com problemas no seu trabalho e que ficaria difícil a viagem naquele final de semana. Perguntou-me, se não era possível cancelar e marcar outra data. Respondi que cancelar talvez fosse possível, porém, marcar outra data seria quase impossível. Então vamos cancelar. Dei a notícia em casa e especialmente para o Beto que havia assumido o compromisso em relação ao Recanto. Mariângela e todos de casa, talvez estivessem preocupados com as pragas do Jairo. Me perguntaram: e se acontecer alguma desgraça? É melhor cancelarmos mesmo. Praga pega...É bom não abusar....

Diante de tal situação o mundo escureceu e meu coração emudeceu. Sonhava com aquele dia, sonhava com aqueles momentos. Sou apaixonado pela Natureza e não queria ficar frustrado. O encanto parecia acabado e sobre mim o mundo desabado.

Trocaria qualquer passeio para estar à beira de um rio, num remanso, junto à florestas ou lindas vegetações rasteiras. Ali ficaria minha vida inteira. Sonharia com evoluções mentais sem franzir a testa e em total descanso.

Fiquei totalmente desiludido.

Ativei minha imaginação para sair desta grande insatisfação.

Acordei na sexta-feira, dia 12 de outubro e como que, num passe de mágica, minha mente via na frente um rio, um lindo remanso, árvores, uma revoada de pássaros todos alegres a cantar e no céu a deslizar mansamente, num suave passeio sem fim. Entrei nesse sonho, embalei-me num mundo de alucinações e comecei a cantar junto com a passarada.

Corri para a cozinha, apanhei as frutas e organizei uma linda e atraente mesa para o café da manhã. Pensei - daqui pouco todos se levantarão da cama e estarão com fome – e assim procedi.

Enfeitei uma melancia da forma mais bela possível e coloquei no centro da mesa. Depois cortei o abacaxi, as pêras, as maçãs, o mamão, mangas, bananas e distribuí numa travessa com uma disposição multicolorida, bem alegre e agradável e coloquei na mesa à frente da melancia toda imponente. Sucos coloridos: melancia, mamão e abacaxi. Em seguida coloquei frutas inteiras esparsas pela mesa, o queijo, presunto, chouriço, manteiga, margarina, pão e leite. Finalmente fiz o tradicional cafezinho e deixei sobre a mesa farta.

Aos poucos todos foram acordando, lavando o rosto, escovando os dentes e se perfumando. Daí a pouco, diante da mesa, foram se fartando como se fosse uma ceia, a ceia dos grandes encontros.

Primeira fase concluída. Os amigos foram dar um passeio, fazer caminhada, saborear o frescor da manhã na roça diante da mãe Natureza.

Continuei sozinho imaginando estar diante da divinal obra do Pai Celestial.

Comecei a preparar o almoço programado, um Bacalhau.

Não sei se por estar feliz e num dos altares do mundo, minha inspiração foi tão grande que nunca na minha vida cozinhei um Bacalhau tão saboroso e com tanta fartura para alegrar a moçada. Todos comeram e ficaram felizes pela satisfação daquela metade do dia. Muita coisa maravilhosa ainda estava por acontecer.

Cumprindo o ritual idealizado, no jantar, não o churrasco, mas estavam na mesa todos os ingredientes do café da manhã e o bacalhau que sobrara em quantidade e continuava saboroso.

Na noite fresca e encantadora, bate papos e momentos de reflexão.

No dia seguinte, mesa enfeitada, pássaros engalanados entoando a doce melodia do amanhecer, o Hino da Pura Natureza. A alegria dos pássaros contagiava a todos que sorriam alegremente por mais um dia num lugar ardente como o sol.

Hora do almoço, Nhoque com molho vermelho. Que delícia!!!

A noite, na hora da festa, alegria inconteste, mais um dia de muita harmonia.

Não preparei a canja, muito Nhoque e frango haviam sobrado e como complemento fiz sopa com picanha e uma sopa com frango caipira.

Finalmente o domingo, último dia na convivência daquele paraíso monumental, uma beleza divinal que jamais se esquecerá.

De manhã, bem cedinho, mesa arrumada esperando pela moçada. Era a despedida.

Euforia!!! Palavras como: que pena..., tudo que é bom dura pouco, não quero ir embora, vamos voltar logo o lugar é fora de série.

Hora do almoço, Frango com Polenta e molho vermelho, tudo bem preparadinho para boa impressão ficar, e daquele lugar ninguém jamais esquecer e que no alvorecer de novos dias se idealize passeios como esse, porém com todo interesse e muito carinho.

Depois de toda esta alegria parei e de repente acordei. Estava no aconchego do meu lar que, também, adoro tanto. Não estava no Recanto do Aracanguá, estava em São José do Rio Preto na minha casa e na cozinha, fazendo todos aqueles deliciosos pratos como se lá estivesse junto de meus amigos. Minha família adorou, é claro.

E eu? Eu fiquei frustrado, desiludido e meio perdido até que caí na verdade do mundo. Preciso continuar, uma vez que estou nesta vida para submeter minha vontade e viver a doce realidade.

São José do Rio Preto, 14 de outubro de 2.001- Fim do passeio que não houve.
Alberto Gabriel Bianchi – Membro da Academia Rio-Pretense Maçônica de Letras, da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura e da Academia Maçônica Internacional de Letras de Lisboa.







quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Alberto Gabriel Bianchi - "PIRANGI - UMA ESTRELA ÀUREA"

"PIRANGI – UMA ESTRELA ÁUREA"



Nos velhos tempos, quando Pirangi não tinha asfalto, as estradas e as ruas eram de terra. Poucas e fracas eram as luzes da cidade. No sitio usava-se lamparinas. Pouquíssimos eram os carros e o barulho era quase nulo, exceto em dias de jogos de futebol, quermesses nas igrejas ou quando a Banda de Música da “Corporação Pirangiense 7 de Março”, apelidada de “A Furiosa” ou “Banda do Marconato”, se apresentava nos coretos com suas retretas.

Nas noites de total escuridão, longe das luzes ofuscantes das grandes cidades, sem lua e sem nebulosidade, quando não se via nenhum clarão, destacavam-se na imensidão do firmamento as lindas estrelas a brilharem intensamente. Estrelas que daqui deste mundo e no espaço profundo podiam, a olho nu, serem vistas ao léu esparramadas na imensidão do céu, piscando como se tivessem vida e quisessem se comunicar.

Os grandes estímulos em relação à natureza, naqueles tempos, além da solidariedade e da hospitalidade das pessoas, eram admirar o céu numa noite estrelada ou de Lua cheia, os astros mais brilhantes, o amanhecer, o por do Sol e um eclipse lunar ou solar.

Quando, do deslocamento de um meteoro, um cometa ou estrela, o que era comum, não podíamos apontar o dedo, para evitar o nascimento de berrugas nos dedos. Era o que nos ensinavam os supersticiosos.

As estrelas produziam vários efeitos através de sonhos dourados. Encantavam os apaixonados, os poetas, compositores e até o caboclo que na sua simplicidade sentia bater forte seu coração, por causa da sua cabocla, que quando silenciosa, ficava meditando sentada no quintal, admirando a quietude do lugar e contemplando a imensidão do céu estrelado nas noites sem luar. Para ele e para ela tudo era mistério e levavam a sério todos os sentimentos.

Eram tantas e tão lindas as estrelinhas, difíceis de serem definidas ou nominadas.

Povoavam minha mente dias e noites e, certa vez, resolvi nominá-las.

Nossos pais e professores nos ensinaram o nome de algumas ou de grupos estelares muito conhecidos, como o Cruzeiro do Sul, as Três Marias (Mintaka, Alnilan e Alnitaka) facilmente identificáveis pelo brilho e por estarem alinhadas, Plêiades (também conhecidas como Sete Irmãs), Sirius ou Sírio, Cão Maior (a estrela mais brilhante no céu noturno), etc. Falavam, ainda, dos planetas Vênus, Marte, Saturno, Júpiter e Mercúrio.

Coloquei em cada uma o nome de um pirangiense daqueles tempos (1958). Foram tantos, que pelo perpassar dos anos não me recordo mais, com precisão. Na realidade foram todos, que eu conhecia naquela época e que eram fachos luminosos da nossa cidade.

Dois nomes colocados por mim, que não esqueço de forma alguma: a estrela “Natal Azul” e “Pirangi”. Duas estrelas que marcaram e nortearam toda minha vida, uma pela beleza transcendental e a outra, pelo amor platônico. São duas estrelas chamadas, também, de esperança.

“Natal, um dia Azul”, não sei, com precisão, o que me levou a criar essa imagem. Vários foram os fatores, que um dia ainda haverei de escrever. Tenho certeza que foi fruto da minha imaginação e as pessoas que inspiraram minha mente foram a Iseh Bueno de Camargo e Ineh Bueno de Camargo, quando, pela primeira vez passei o dia de Natal junto com a família “Camargo”. Foi uma imagem muito forte e que com doces lembranças passei a denominar o dia de Natal como um “Dia Azul”. Durante o ano inteiro ficava ansioso esperando a chegada das duas “Camargo”, que moravam em São Paulo, para ver e sentir de novo o “Dia Azul”, o dia de Natal. E esse símbolo sublime ficou gravado e eternizado na minha mente até hoje. O Natal é e será para mim, sempre um Dia Azul, daí ter dado este nome a uma bela estrela.

Quando morava na roça, sentava na mureta do terreiro de café durante a noite e ficava admirando as estrelinhas, horas e horas.

Quando o astro da noite, a Lua, às vezes ficava comigo sozinha rebrilhando a silhueta das árvores e da casa isolada no meio do sertão, meu coração pensava no amor das pessoas simples de Pirangi. Via a luz do luar, refletir nas asas dos pássaros de hábitos noturnos que voavam livremente ao redor da nossa aconchegante morada. Próximo da Lua existia uma estrela diferente, parecia mais brilhante, mais luminosa e provocante. Era uma estrela de primeira grandeza. Resolvi, então, que aquela estrela seria por mim chamada “Pirangi”. Apelidei-a de “estrela áurea”, estrela dos meus sonhos dourados, a mais bonita de todas e aquela que iluminaria toda a minha existência.

É uma estrela que sempre clareou o percurso de todos desejando paz, amor e harmonia.

Irradia simpatia em todos os corações.

Dentre milhões de outras estrelas, de todas as cores no universo, Pirangi se destaca para iluminar nossos caminhos e acalmar nossos corações.

Pelo poder divino e mãos do destino pude viver aqueles dias e anos que jamais serão esquecidos.

Toda vez que olho para o céu, em noite de lua cheia, lembro-me de Pirangi, a “estrela áurea” e daqueles tempos de delicias e de prazeres luminosos, refletidos pela aura que do meu ser desprende.

Alberto Gabriel Bianchi – verão de 2013.

Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura; Academia Rio-Pretense Maçônica de Letras e da Academia Maçônica Internacional de Letras de Lisboa.







Alberto Gabriel Bianchi - "RANCHO SANTO ONOFRE, PROTETOR DOS BÊBADOS"



"RANCHO SANTO ONOFRE, PROTETOR DOS BÊBADOS" 



Em 1963, organizamos uma pescaria no Rio Turvo, num rancho do meu tio Iveh Bueno de Camargo lá de Pirangi. Logo na entrada se lia talhado numa lasca de madeira, “Rancho Santo Onofre – Protetor dos Bêbados”. Ao redor do rancho viam-se vários pés de frutas e uma horta exuberante e o que mais impressionava os visitantes era a grande quantidade de “boldo do Chile” ali plantado. Dava a impressão que só tinha alcoólatra naquele recanto maravilhoso.

No trajeto de Pirangi para o rancho o Odair, um amigo caipirão de São Paulo, caiu num buraco e entortou a frente do “Fusca”. O porta-malas amassou bastante e não abria de jeito nenhum, e por isso não podíamos apanhar a tralha de pesca que estava lá dentro. Enquanto eu procurava socorro o Odair amarrou a ponta de uma corda no carro e outra no pé-direito do rancho. Quando vi, gritei... Não faça isso! Você vai derrubar a casa sem desentortar o porta-malas. Acho que percebeu a burrice e parou. Na seqüência fizemos o correto... Amarramos a ponta de uma corda no “Fusca” e outra numa árvore. Forçando o carro de marcha a ré, conseguimos desentortar um pouco. Iniciamos a pescaria e o Odair começou a reclamar que tinha muito pernilongo. A Matilde, sua noiva na época, estava junto. De repente o Odair desmaiou. Tinha alergia ao veneno dos pernilongos. A Matilde gritou....chamem um médico! Gritei! Que médico, que nada, menina. Estamos longe da cidade. Temos que socorrê-lo aqui mesmo e agora. Sentamos o jovem, abaixamos sua cabeça e fizemos cheirar álcool e alho, único remédio disponível no momento, e o bicho melhorou. Aí sim, fomos embora para a cidade e lá se comprou o remédio adequado. “Fenergan”, se não me falha a memória.

O Odair não estava bêbado, mas foi protegido pelo Santo.



Alberto Gabriel Bianchi



Alberto Gabriel Bianchi - "PIRANGI"

Pirangi


Amo a Deus, todos os seres humanos e toda a natureza. Amo a beleza de viver e o doce sabor do querer.

Amo este mundo ainda cheio de mistérios, como os segredos de um monastério ou os assombros de um templo sagrado, por mim ainda não visitado.

Amo Pirangi, que traz grandes recordações da minha infância e parte da minha juventude. Pirangi das noites enluaradas e que deixava as matas prateadas rebrilhando na amplidão.

Nos campos verdejantes, no matagal, nos lagos e riachos, os pássaros cantavam e eu me apaixonava cada vez mais. Relembro comovido os tempos lá vividos, os dias alegres que lá passei. Tenho muita paixão e profundo respeito por tamanha maravilha e pela paisagem mística que lá existia. Sua imagem é símbolo de pureza e encantamento e que não sai do meu pensamento.

Venho declarar ao mundo inteiro que minha vida foi muito feliz, mesmo diante de tantas adversidades. Foi muito suave e florida, apesar de todos os espinhos.

Tive uma infância alegre e cheia de carinho, uma adolescência plena de felicidade e aos poucos vou realizando todos os meus sonhos.

Neste mundo venusto ninguém vive mais feliz e sem susto do que eu e, a alegria que existe no meu peito, transborda quanto mais o tempo passa. E no leito da estrada da minha vida vou cantando alegremente.

Queria que nesta terra, todos amassem a todos sem guerra.

Nos velhos tempos de venturas e desventuras gritava ao mundo inteiro que viver é maravilhoso. Viver tendo um lar cheio de simplicidade e muito amor é algo venturoso.

Tenho no íntimo, minha história para contar. Uma história de encantos e de alegria por todos os cantos. Sei que talvez seja um peregrino sonhador que vive a harmonia do sublime e desperta com poesias a flutuar no ar, para não sofrer as torturas do mundo e do olhar maligno daqueles que só nos querem magoar. Sozinho, viajei pela vida lutando desesperado com a fé que nos dá o amor e a força do trabalho que nos dá todo valor.

Vivi a doçura e o amargor da vida. Vivi a dor e o prazer. Senti todos os sabores e dissabores para que pudesse valorizar e comparar as ações do ato de viver. Errei muito e aprendi. Por isso é que afirmo que fui feliz, tive os maiores prazeres possíveis e os vivi intensamente.

Amo Pirangi de todas as formas e com todas as forças. Amo com todas as emoções e, também, com devoção.

Morei na roça onde diziam que eu era capiau ou jacu. Lá fazia muitas peraltices, corria pelas matas atrás de uma fruta, mergulhava nos rios e riachos para me refrescar, via as aves revoando os céus no amanhecer e no entardecer levando o amor para povoar a mente do sertanejo. Depois fui para a cidade e de lá me mandaram para São Paulo, a grande metrópole e, com saudade de Pirangi muito sofri e nada contente, fiquei doente sem ter doença aparente.

Fiz muita coisa boa pela vida. Andei a cavalo, em pelo, com focinheira e com “sorfete”, pelas campinas. Montei em cavalo arreado e passeava pela cidade com todo cuidado. Andei de carroça, carroção de bois, de charrete, trole, bicicleta, trator, Ford 29, jardineira, caminhão e carrinho de rolimã. Andei de bonde, trem e ônibus urbano e de alto luxo. Naveguei de piroga, barco a remo e com motor, de lancha, iate e navio. Também viajei, muito de avião.

Conheci rios, florestas, desertos, montanhas. Senti o frescor da Serra de Monte Alto, do Mar, da Mantiqueira, da Cantareira, dos Andes, dos Alpes Suíços e dos Apeninos, na Itália.

Dancei ao som de grandes orquestras no Clube de Pirangi, no Fazendinha, no Palácio de Mármore, Pinheiros, Paulistano, no Palácio de Versalles, Casa de Portugal, dancei em Viena, Alemanha e em Roma e muitos outros lugares lindos. Dancei Tango em Buenos Aires, Polka na Alemanha, Can-Can na França e Tarantela na Itália. Dancei ao som das vitrolas nos bailinhos realizados nos fins de semana na casa de muitos amigos e amigas. Dancei ao som de violas, violão, harpas e ao som das sanfonas de 80 e 120 baixos em terreiros de café das fazendas de Pirangi e região.

Plantei muitas árvores, escrevi alguns livros, muitas poesias e tenho três filhos. Sinto-me plenamente realizado. Talvez queira ser aquilo que não sou. Talvez seja aquilo que não sei, mas ainda quero ser.

Ah, como ainda amo Pirangi!

Alberto Gabriel Bianchi – 28 de janeiro de 2009.

Membro da Academia Rio-Pretense de Letras e Cultura e da Academia Maçônica Internacional de Letras de Lisboa.



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Alberto Gabriel Bianchi - "PESCARIA"

PESCARIA


Dourado
Sempre gostei de pescarias. Minha maior alegria era estar pescando.

Morei muitos anos na linda cidade de Pirangi, minha cidade do coração, onde, criança feliz eu vivi. Muito cedo aprendi a pescar com peneira nos pequenos riachos da região como no sitio baixadão que era do meu avô Alberto Bianchi; na Fazenda Canteiro, sitio do meu tio Benjamim Castro, no Córrego Boa Vista que fica nos fundos da chácara da minha tia Maria Arroyo.

Pescava traíra no sitio do Sr. Labela, perto do antigo matadouro, no meio de um brejão repleto de taboas, em poços pequenos que lá se formavam. Certa vez caí num daqueles buracos cheios de água e subi com uma traíra nas mãos. Prá quê? Esparramaram por toda cidade que havia mergulhado e pego um peixe com as mãos. Os antigos ainda se lembram dessa história. Depois aprendi a pescar no rio Tabarana que infelizmente, uma pena, que quase se acabou. Um lugar maravilhoso, um paraíso todo cercado de árvores lindas e sombrosas, de águas cristalinas e frescas e era muito piscoso. Fazíamos piqueniques com a família Camargo, especialmente quando as “Camargo”(Ineh e Iseh) que moravam fora chegavam à cidade. Recanto formoso e espiritualmente atraente que nunca esquecerei. Hoje, praticamente acabou o encanto daquele lugar. Só saudades. Por isso sou a favor de uma luta mais dura em favor do meio ambiente e tenho um exemplo real e vivido que é a destruição do rio Tabarana, um crime pavoroso, cometido contra a natureza.

Logo em seguida comecei a pescar no rio Turvo, outro lugar deslumbrante. Águas turvas e com muita correnteza. Um rio muito perigoso para as crianças que lá nadavam e eu, era uma delas. Muitas espécies de peixes. Dava gosto pescar naquele rio. O incomodo era que os pernilongos atacavam sem dó, nem piedade. O tal de mosquito pólvora(ou “porva” como o chamávamos) era e, talvez, ainda seja um terror. Os braços ficavam pretinhos, como carvão e era quase impossível ficar parado no mesmo lugar. Quantas vezes saí correndo e fui embora prá cidade, sem parar.

Depois das delicias dos rios de Pirangi, fui para São Paulo. Lá pescava na represa Billings e andei pescando no rio Tiete, quem diria!

Alguns anos mais tarde comecei a pescar em rios maiores e mais caudalosos, como o rio Grande, Paraná, Araguaia, São Francisco, Paraguai e tantos outros.

Já vi e vivi de tudo. Tive até a fama de pegar um peixe, num mergulho, com as mãos e não é história de pescador não! Tenho testemunha, ainda viva, e que presenciou tal façanha. Um dia revelarei toda a verdade dos fatos.

Agora, a história mais interessante e doida que já vi, vou contar, ou melhor, escrever:

Morava em Marília e vinha sempre para Pirangi. Ficava na casa do João Aparecido e da Labibe Inês Pitelli Ferraz de Arruda. O João adorava praticar a pesca. Pesquei lambaris e tambiús no rio Turvo, Tabarana e Ribeirão da Onça e, pegava bastante. Gostava deles fritos. Uma delícia com cerveja. Agora, o João, pegava estes peixes em grandes quantidades, vários quilos. De balaio, como se dizia. Acho que só perdia para o Ileh Camargo. O problema era chegar em casa com os mesmos, sem limpar. Ah, era bronca na certa! Fazia muita sujeira. As mulheres não gostavam nenhum pouco. Ficavam bicudas. Começamos a limpá-los na beira dos rios para chegarmos em casa e fritá-los. Era outra bronca, pela gordura que ficava impregnada no fogão, só que era mais suave, uma vez que comer, elas adoravam. Nada bobas né!

O João tinha até um rancho à beira do rio Turvo, onde se pescava Dourados, Piaparas e Curimbatás em grande escala. Para que se tenha uma idéia, quando ele pegava uma Piapara ou um Dourado, tremia tanto que parecia estar com malária ou na Sibéria. Era a chamada “violenta emoção” e que contagiava todos que estavam por perto dele.

Pescamos vários Dourados no Rio Paraná. Eram peixes com mais de dez quilos cada um (êta história boa de pescador!). O João tremia que balançava tudo, parecia um Ford velho e, às vezes, precisava tomar calmante, ou tomar umas..., o que ele preferia, com certeza. Não me lembro qual de nós dois caiu do barco e se esborrachou nas correntezas do rio Paraná quando o João fisgou um baita Dourado que saltava como doido. Que susto! Estamos vivos, ainda bem!

Vamos, então, a maior loucura do João Ferraz.

Nas pescarias, que foram muitas, no rancho do rio Turvo, que ficava na margem oposta à Irupi(cidade extinta), logo depois da ponte sobre o rio, na estrada de Paraíso à Monte Azul Paulista. Pegávamos Curimbatás em profusão. O saudoso Senhor Jerominho (pai do João) era o rei da pesca do Curimbatá. Nunca vi tanto em toda minha vida e só se conseguia pescá-los quando a isca era “fígado bovino”. Eu adorava pescar Piapara para fazer “sashimi”. O João gostava de pescar Dourado e pegava bastante. Toda semana saboreávamos carne de Dourado, principalmente assado e recheado.

Pasmem, era comum o João, pular dentro d’água e, no tapa, pegar aquele Dourado que ficava enroscado na galhada.

Numa das pescarias, no rio Turvo, ele fisgou um dourado gigantesco que estava dando muito trabalho dentro d’água e não conseguia tirá-lo de jeito nenhum. Como o peixe corria toda hora para os galhos caídos no meio do rio, ficou com medo de perdê-lo e ao forçar a situação, soltou a linha de pesca. Gritou um tremendo palavrão e pulou na água. Uma batalha de gigantes. Eu só via aquele brilho amarelo me ofuscar toda hora, pulando pro ar e se batendo. João conseguiu pegar a linha e chegar perto do baita. Enfiou as mãos pelas guelras e dominou o bicho valente. Nadou até as margens e atirou o dourado com toda a força para o barranco. Virou de costas para lavar as mãos e o danado pulou dentro da água novamente. João, como um corisco ou como um raio pulou para cima do peixe e o apanhou novamente. Gritei lá de fora: cuidado ele vai arrancar o seu braço com uma mordida! João não estava nem aí com minhas palavras de desespero. Acredito que nem me escutava.

Conseguiu dominar a fera mais uma vez e trouxe o danado para terra firme e com segurança. Adivinhe o final. Assou o peixe e comemos deliciosamente como se tivéssemos vencidos o campeonato mundial de pesca.

É ou não é, uma aventura inesquecível e interessante?

Alberto Gabriel Bianchi – 01 de maio de 2012. Dia do Trabalho.



Alberto Gabriel Bianchi - LAGOA AZUL DOS LORENÇATTO'S E OS MOLEQUES SAPECAS



“LAGOA AZUL DOS LOURENÇATTO’S E OS MOLEQUES SAPECAS”



Década de “50”. Eu ainda muito menino e já arteiro como todo bom moleque.

Minha vontade de aprender a nadar era algo desesperador.

Os meninos de Pirangi diziam que para aprender a nadar era preciso engolir lambaris vivos.

Morava na casa da minha tia Maria Arroyo nas proximidades do Córrego Bela Vista, onde pescava com peneira e escolhia os lambaris pequeninos para não engasgar.

Do outro lado do rio ficava a propriedade do Sr. João Lourençatto, filho de Mansuetto Lourençatto (daí dizermos na época: vamos à fazenda do Mansuetto!) e Aldomira Bobatto Lourençatto.

João era um senhor respeitado por todas as famílias pirangienses. Era dedicado ao trabalho, fazendeiro próspero e tinha atividades sociais intensas. Casado com Dona Mileide Vidotti Lourençatto, também, dedicada a atividades sociais e de benemerência, especialmente fazendo parte do Grupo de Voluntários do Hospital do Câncer de Barretos.

Na sua propriedade existia uma lagoa pequenina, aonde, os meninos iam para aprender a nadar. Uma verdadeira poça de água, conhecida como piscininha ou tanque, cheia de raízes ao seu redor, o que facilitava o aprendizado. Segurávamos nas suas raízes com as mãos e batíamos os pés até conseguir o equilíbrio. Soltando o corpo afundávamos como pedras. De tanto exercitar conseguíamos fazer o corpo inteiro flutuar e na sequência treinávamos o que se chamava de “nado cachorrinho”. Desta forma tornávamo-nos nadadores e aí sai de baixo... O mundo era pequeno...

Primeiro treino com “sábios nadadores” era ir para um lugar divino e saltar como aves, da cachoeira da chamada “Lagoa Azul”, deslumbrante e de águas cristalinas que ficava, também, na propriedade do Sr. João Lourençatto, já mais próxima da sede da fazenda. Íamos pela rua da venda do Sr. Domingos Garilho, pois tinha uma estrada melhor para se andar.

Para concluir a história da natação, o terceiro teste era feito no Rio Tabarana, que naquela época tinha correnteza e lugares que não “davam pé”, de tão fundo. Era possível pular do alto da ponte e não alcançar o chão. Lá íamos nós, um bando de moleques que demonstravam capacidade e muita vontade.

Quando os meninos mais velhos (nossos observadores) achavam que já tínhamos condições de nadar, o teste final era feito no “Poção do Rio Turvo”, à direita da ponte que ficava na estrada velha Pirangi – Bebedouro. Lá jogavam os meninos, um por um, dentro d’água que eram obrigados a atravessar o rio a nado. Caso chegassem à outra margem e retornassem sem ajuda, eram proclamados nadadores.

Aí passávamos a convier com turma dos chamados “marmanjos”.

Voltando a falar do Sr. João Lourençatto, vamos contar o pior ou o mais interessante.

Aprender a nadar, foi muito bom, muito gostoso. Particularmente, valeu à pena, pois nadei em todas as piscinas que vi pela frente. Contei esta história ao mundo inteiro e, todos acharam interessante, diferente e divertida. Riam sem parar.

O mais engraçado e terrível, vou revelar agora: Nós nadávamos pelados. É..., para não chegarmos em casa com a roupa molhada e apanharmos das nossas mamães. Elas não tinham a mínima idéia das artes que fazíamos por aqueles rios. Tinham medo e com razão, de que o pior acontecesse, uma vez que temos algumas histórias trágicas. Tivemos sorte e estamos aqui vivos, para contar.

Enquanto tudo corria bem, evitávamos a surra, uma vez que chegávamos vestidos. Minha mãe tinha o hábito de, com as suas unhas, riscar a minha perna. Se a pele escamasse ficando esbranquiçada era surra na certa. Aprendi a me defender correndo para o banheiro com a desculpa de lavar os pés ou então enfiando as pernas numa bacia ou lata de água.

Ocorre que o Senhor João Lourençatto, danado que era, queria judiar dos aprendizes de natação e resolveu esconder nossas roupas enquanto nadávamos na lagoa. Aí era um pandemônio. Ninguém sabia o que fazer e nem quem havia roubado nossas roupas. Sempre acusávamos outros moleques. O duro era voltar a pé e sem roupa. Tudo bem que Pirangi era uma cidade muito pequena (1957/1958) e podíamos desviar das pessoas ou aguardar o escurecer. O problema sério era enfrentar nossas mães pelados.

Eu chegava nas proximidades de casa e ficava esperando uma oportunidade para entrar, quando meus pais iam para a porta da frente prosear. Entrava pela porta dos fundos e corria sorrateiramente pegar uma roupa e tomava banho correndo (chamado banho de gato) na bacia para ninguém perceber nada e voltava todo sorridente pela porta de entrada.

Um belo dia cheguei em casa e fiz toda essa artimanha de esperar que eles fossem para a soleira da porta e depois entrar escondido.

A hora que apareci todo faceiro e sorridente diante deles, certo de que tudo estava “nos conforme”, onde eles conversavam, minha mãe pegou na minha mão e deu tamanha surra que nunca mais esqueci. Aí com aquela cara de inocente perguntei: Porque estou apanhando, não fiz nada? Minha mãe mostrou-me as roupas e disse: o que você foi fazer na lagoa azul, na fazenda dos Lourençatto? Foi nadar né... e toma mais chinelada. Depois fui dormir. O que mais poderia fazer ou falar?

Fomos mais vezes nadar nas terras do Sr. Lourençatto e ele tornou a fazer a mesma coisa. Pegar nossa roupa e levar para os nossos pais. O que nós não sabíamos é que sua mãe a Senhora Aldomira, também, escondia nossas roupas e morria de rir com o nosso desespero. Isso eu não sabia: o Sr. João Lourençatto e Dona Mileide me contaram por esses dias (novembro de 2012), na festa de aniversário da nossa querida Ineh Bueno Camargo.

Até que um dia aprendemos tirar as roupas e escondê-las, enterrando-as ou subindo em alguma árvore e deixando bem no alto, fora do alcance dele, apesar de seus longos braços.

No final todos nós gostávamos muito dele, uma vez que, nas festas de Santo Antonio, realizadas todos os anos no mês de junho, o Sr. Lourençatto não perdia nenhuma, era o único a conseguir argolar as garrafas e ganhar todos os brinquedos nas barracas de presentes, pelos seus braços compridos. Ele colocava as argolas com as mãos e dava os brinquedos para seus filhos e para nós, que ficávamos ao seu lado perturbando e pedindo.

Hoje tenho a felicidade de ser muito amigo e irmão do seu filho, o Wilson Aparecido Lourençato e sua esposa, a sua nora Ana Rosa Ferreira Lorençato que moram em São José do Rio Preto e pelos quais tenho muita admiração e conto estas histórias de Pirangi, com alegria e muita saudade.

Contei para eles que outro dia comprei cem gramas de manteiga, duas xícaras de chá de açúcar, duas xícaras de farinha de trigo, três ovos, uma xícara de maisena, um vidro de leite de coco e uma colher de sopa de fermento em pó. Bati a manteiga com o açúcar e as gemas. Peneirei os ingredientes secos a fui juntando o creme, alternando com leite de coco. Depois bati as claras em neve e misturei levemente e depois levei para assar em forma untada e deixei por uns quarenta minutos. Sabem o que aconteceu? Saiu um delicioso “Bolo Fofinho” igual ao que a Dona Mileide faz (só podia... a receita é dela). Comi como um louco e não ofereci prá ninguém.



Alberto Gabriel Bianchi – Membro da Academia Rio-Pretense Maçônica de Letras, Academia Maçônica Internacional de Letras de Lisboa, e Academia Rio-pretense de Letras e Cultura.





quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Dênio Silva Thé Cardoso, Juiz Federal e Orador do grande evento de homenagem à ZICO & ZECA, pronuncia brilhante discurso de agradecimento.

Adauto Bernardo da Costa, Jarbas Bernardo da Costa, filhos do ZICO que receberam de Alberto Gabriel Bianchi(membro da Comissão de Ritualística da GLESP) o Diploma de Honra ao Mérito e  ZECA que recebeu o mesmo Diploma das mãos de José Roberto Aguiar(Delegado Distrital da 16ª Região da GLESP). 

ARLS “SABEDORIA E TRABALHO” Nº 688, PRESTOU JUSTA HOMENAGEM À DUPLA SERTANEJA “ZICO & ZECA”, NA CIDADE DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP
No dia 20 de novembro de 2012, a ARLS “Sabedoria e Trabalho” nº. 688, dirigida pelo seu Venerável Mestre, Antonio Baldin, em cerimônia especial de comemoração do quarto ano de fundação da Loja, prestou histórica e emocionante homenagem à legendária dupla sertaneja, Antonio Bernardo da Costa, o ZICO (in memorian) e Domingos Paulino da Costa, o “ZECA”.  “ZICO & ZECA”, prestaram relevantes e reconhecidos serviços à música raiz no nosso país.
            Zico estava representado pelos seus dois filhos, Adauto Bernardo da Costa e Jarbas Bernardo da Costa.
            Para abrilhantar ainda  mais a cerimônia, a Professora Mara Augusta dos Santos Pessutti, proferiu uma brilhante palestra intitulada “O Cristianismo Primitivo”.
            Zeca fez um pronunciamento comovente em nome da dupla e da família que estava presente dizendo, as seguintes palavras: “já recebemos muitas homenagens por esse Brasil, mas nenhuma foi tão bonita e calorosa como esta. Agradeço com muita emoção”. Com lágrimas nos olhos recebeu o Diploma de Honra ao Mérito das mãos do Delegado Distrital da 16ª Região, José Roberto Aguiar e os filhos do ZICO, Adauto Bernardo e Jarbas Bernardo, receberam das mãos de Alberto Gabriel Bianchi, membro da Comissão de Ritualística da GLESP o mesmo Diploma e, também, ficaram extasiados com a belíssima homenagem.
No final Zeca e Jarbas Bernardo da Costa (filho do Zico) cantaram emocionados “A Caneta e a Enxada” e foram muito aplaudidos.   
No final do cerimonial o Juiz Federal e Orador,  Dênio Silva Thé Cardoso, pronunciou brilhante discurso em sinal de agradecimento aos homenageados e à palestrante da noite.
Respeitabilíssimo Delegado do 4º Distrito da 16ª Região da GLESP, Ir .·. José Roberto Aguiar;
Respeitável Ir .·. Alberto Gabriel Bianchi, digno Membro da Comissão de Ritualística da GLESP;
Respeitável Grande M .·.CCer.·. da GLESP,  Ir. .·. José Carlos Buosi,  na pessoa de quem saúdo todas as Autoridades Maçônicas que aqui vieram prestigiar essa Sessão Magna;
Venerável Mestre, Ir.·. Antônio Baldin, na pessoa de quem saúdo todos os Past Masters e IIr.·. Representantes das oito Lojas Maçônicas aqui presentes;
IIr.·. 1º e 2º Vigilantes, Mestres Instalados;
Meus demais queridos IIr .·. da A.·.R.·.L.·.S .·. Sabedoria e Trabalho e IIr.·. Visitantes;
Cara Cunhada Marisa Baldin, na pessoa de quem saúdo nossos Sobrinhos e todas as demais Cunhadas aqui presentes, companheiras inseparáveis nessa nossa longa caminhada rumo ao aperfeiçoamento moral e espiritual;
Ilustre Palestrante e também Cunhada Mara Augusta dos Santos Pessutti e seus familiares que aqui a prestigiaram;
Nossos grandes homenageados de hoje, a dupla sertaneja Zico & Zeca, o primeiro aqui representado por seus filhos Adauto e Jarbas Bernardo da Costa, além de todos os seus familiares ora presentes;
Senhoras e Senhores.
É com muita alegria que os recebemos em nossa Loja, no dia de hoje, que é, em tudo, um dia festivo.
É que festejamos hoje o 4º aniversário de fundação de nossa Loja Sabedoria e Trabalho, que está dando os primeiros - porém resolutos e concretos – passos na direção que nos apontam os ensinamentos maçônicos. E a presença hoje das respeitabilíssimas Autoridades Maçônicas e de todos os IIr.·. nos faz vislumbrar não apenas a concretização da fraternidade maçônica, mas também serve de testemunho para o acerto do rumo que esta Loja tomou e, tenham certeza, continuará trilhando. Sejam muito bem vindos, meus IIr.·. em nossa Loja, sirvam-se de nossa mesa para festejarmos juntos esse dia de júbilo !
Parabenizo, em nome da Loja Sabedoria e Trabalho, a Cunhada e Palestrante Mara Augusta pela brilhante e proveitosa palestra, onde pudemos extrair valiosos conhecimentos acerca do tema “O Cristianismo Primitivo”. A partir de hoje, certamente poderemos fazer uma reflexão mais precisa sobre o Cristianismo atual e o de outrora, suas mudanças de percepção e de interpretação ao longo do tempo. Obrigado, Cunhada Mara Augusta, por ter aceitado o convite de nossa Loja, dependendo suas energias para compartilhar conosco de seu vasto saber.
Como não poderia ser de outra forma, saúdo a dupla sertaneja hoje homenageada, Zico & Zeca, o primeiro já na pátria espiritual, mas que certamente está ouvindo, como ora ouve o Zeca, nossos sinceros agradecimentos por tudo que fizeram à autêntica música de nossos rincões sertanejos durante mais de 50 anos de atuação. Não somos apenas nós hoje presentes que agradecemos, mas todos os amantes da música popular de nosso querido e grande Brasil.
Fazendo um pequeno trocadilho com alguns nomes de música do vasto repertório da dupla Zico & Zeca, saiba Zeca, que vocês têm, não um “Amor Ingrato”, mas sim o “Amor Sincero” de um povo que sofre nessa “Encruzilhada da Vida”, e que tenta extrair “Lições que a Vida Ensina” do “Livro da Mente, sem “Desengano”, sem Mágoa”,  e sem Desprezo de suas origens. Bem, “Eu não vou chorar as pitangas, pois devemos fugir da “Cadeia da Saudade, livrando-nos do “Castigo” e da “Ingratidão” de esquecermos de que somos “Filho da Roça”, e de que não somos um “João Ninguém”. Não ! A “Força do Destino”, para amolecer nosso “Coração de Pedra”, nos mostrou o talento de vocês. E nem a “Ilusão de uma Vida”, mesmo que passageira como a brisa dos ventos, nos fará esquecer o “Juramento” de lutar para acabar com a triste distância entre “A Caneta e a Enxada”. Pois, como bem lembrado e cantado por vocês, “a vida é um baralho e as pessoas são as cartas/ e sobre a mesa da terra o jogo ajunta e aparta”. Parabéns à dupla Zico & Zeca ! Que a “Dona Felicidade” sempre preserve esse verdadeiro “Casamento sem Convite”.
Chegando ao fim de minhas palavras, Venerável Mestre e queridos IIr.·. da Loja Sabedoria e Trabalho, saúdo a todos vocês pelo aniversário de nossa Loja, e espero que a cada dia os ideais que motivaram a criação dessa Loja se renovem e fortaleçam.
Agradeço a presença de todas as Cunhadas, Sobrinhos, Senhoras e Senhores que vieram prestigiar nossa Sessão Magna, desejando-lhes muita paz e que levem para seus lares todos nossos votos de harmonia, solidariedade e amor.
Lido, Venerável Mestre.
São José do Rio Preto, 20 de novembro de 2012.
Dênio Silva Thé Cardoso - M .·. M.·.
  

 


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Alberto Gabriel Bianchi - Meu aniversário 28-01-2013

Hoje, 28 de janeiro de 2013, é dia do meu aniversário.
Parabéns!

Como é bom fazer aniversário. Lembrarmos que existimos e que, portanto, estamos vivos.
Melhor ainda, lembrarmos que somos e fomos felizes durante todos os dias que se passaram.
Cada ano que passa, devemos comemorar com mais emoção, mais entusiasmo, pois estamos chegando cada vez mais, perto de Deus.
Saber que, com o passar dos tempos amadureceram todas as ilusões de nossas vidas, adquirimos mais experiência, vivenciamos cada vez mais e mais as nossas grandes amizades.
Relembrarmos nossas paixões, nossos sonhos realizados ou pensarmos nas futuras realizações, isso só nos faz bem.
Hoje é meu aniversário, mais um ano bem vivido e, por isso me dou parabéns.
Fiz uma proposta para auto-avaliação: neste ano haverei de meditar, viajar dentro de mim mesmo, penetrar profundamente nos labirintos do meu corpo e de minh’alma, refletir sobre todo o meu passado, sobre todos os meus feitos e defeitos, enfim, fazer uma reflexão e no dia 28 de janeiro de 2014 estarei relatando  as conclusões e o que resultou dessa minha análise.
“A ambição construtiva cria um tipo de energia que se transforma em ação, em capacidade de superar dificuldades e de ajudar a mudar o mundo.”
Quero ser melhor a cada dia e a cada ano, para viajar rumo à felicidade.
E o que é felicidade?
A verdadeira felicidade está nas coisas simples da vida.
Felicidade ou ser feliz é simples. Basta ser rico. E o que é ser rico?
Dizem que rico é só quem tem dinheiro.
Ser rico é viver motivado, com os frutos do nosso trabalho.
É possível ser feliz sem ter dinheiro?
Sim, é possível ser feliz sem dinheiro, desde que você trabalhe, tenha saúde e seja sábio. Todos têm algum dinheiro, todavia, só com o dinheiro, jamais alguém será feliz.
Dinheiro traz felicidade? Nunca.
Viverá eternamente enclausurado e subordinado ao “sistema imposto” pela perversidade da sociedade capitalista e pela mídia. 
Para a felicidade, é preciso trabalhar, ser independente, ter saúde e sabedoria. É viver em harmonia, com humildade, ser destituído de vaidades e não ser hipócrita. É com o fruto do trabalho que devemos programar nossas vidas de forma gostosa e sadia.
Segundo um filósofo grego, “se um homem bom passa da má para a boa fortuna, nós não sentiremos terror; se um homem bom passa da boa para a má fortuna, nós ficamos com pena, e não sentimos compaixão nem terror; se um homem mau passar da boa para a má fortuna, nós ficamos felizes da vida; e se um homem mau passar da má para a boa fortuna, nós sentimos repugnância”.
Ou seja, é importante que o herói trágico passe da "Felicidade" para a "Infelicidade" por alguma desmedida sua para entender o que é a realidade fática da vida e aprender seu verdadeiro sentido.  
É preciso que o ser humano aprenda a recolher os frutos que produz pelo seu caminho e leve  para casa a fim de repartir, distribuir e comer junto com os outros heróis e desta forma possa atingir a purificação, libertação e a superação consciente e feliz, por meio de uma descarga emocional que dê sentido à sua vida. 
Não devemos viver com ostentação, para não gerar inveja, ciúme ou provocações.
Não devemos alimentar uma vaidade fragilizada, que vai se esboroar no vazio, não levando a lugar nenhum nosso apego pelos vis metais. O dinheiro jamais trará felicidades e nem ajudará em nada, se não soubermos o que fazer com ele, especialmente com a quantidade disponível que temos.
Não é necessário ser gênio ou ter cultura enciclopédica e sim ser simples, sábio, amante do conhecimento, fugir da ignorância dos irracionais e ter um comportamento prático de acordo com nossa capacidade.
Meus caros amigos analisem na natureza, os bichos ou os chamados “animais irracionais”, quando não perseguidos ou perturbados pelo homem, como são felizes.
Em toda a natureza, os bichos protegem e cuidam das suas crias.
Ora a fêmea, ora o macho e, em outros casos os dois defendem o tempo todo, seus filhotes até que tenham condições de sobreviverem por conta própria.
No mundo do homem, o chamado animal racional, e no mundo atual a realidade é outra. Na maioria dos casos trabalham o marido e a esposa, uns por necessidade outros para acumular riqueza, ou seja, comprar mais um carro, trocar de carro, adquirir uma casa num condomínio fechado ou num bairro melhor ou ainda, uma casa maior com piscina, quadra, churrasqueira, etc., o que é justo e legal para quem trabalha. Mas, e os filhos? Não merecem nenhum cuidado, nenhuma atenção  afetiva por parte dos pais no principio de suas vidas?
Os filhos ficaram em segundo plano, apesar de babás bem treinadas, carinho dos avôs, dos vizinhos, brinquedos à vontade, quartos confortáveis e muitas outras coisas, porém,... todas materiais.
As crianças ficaram a mercê, da televisão, das babás, e muitas outras pessoas do bem e outras nem tão bem assim. Todos podem até cuidar bem delas, mas e o amor, o carinho, o afago da mãe ou do pai, cadê?
Acredito que por esta razão estamos passando por uma grande modificação no comportamento dos futuros dirigentes do mundo. Vamos aguardar o passar dos tempos para poder falar sobre o resultado desta maneira de ser. O que será de nossas crianças e da nossa sociedade?    
Hoje, analisando bem, os bichos já se mostram menos irracionais do que os homens e se aproximam de nós pedindo socorro nos seus territórios perdidos, uma vez que foram apropriados covardemente pelo ser humano servindo somente às coisas fúteis, pela ganância do poder.
Eles têm alegria e  respeito pela natureza. Amanhecem e anoitecem com euforia e com esplendorosa beleza. Nunca tiveram e não sabem nem o que é dinheiro. Lutam diuturnamente, ou seja, trabalham e vivem somente do fruto de seu labor.       
Mas afinal, hoje é meu aniversário e tenho direito de comemorar, de me abraçar, de gritar, de sorrir sem parar, sorrir para todos os meus amigos e sorrir para mim diante do espelho, um sorriso sincero cheio de luz, de calor e de amor. Tenho o direito de virar cambalhotas, de abraçar o mundo inteiro, contar lorotas, parar frente a Deus, frente ao mar, ao luar, no sopé ou no topo das montanhas e loucamente dizer: amo o universo, toda a humanidade e a todos vocês que me toleram.

Todo cidadão tem direito a felicidade. Vamos alimentar este estado de espírito para o bem da humanidade.
Viva a verdadeira felicidade! Viva a vida!

Alberto Gabriel Bianchi